Bolhas de Fermi

Bolhas de Fermi: Cubos de Gelo Cósmicos Encontrados no Coração Ardente da Via Láctea

Astronomia

Então, os cientistas têm andado a investigar o centro da nossa galáxia, a Via Láctea, e encontraram algo bastante selvagem. Imaginem estas estruturas gigantescas, parecidas com balões, chamadas bolhas de Fermi, a projetarem-se milhares de anos-luz do plano galáctico. São feitas de radiação de alta energia, e os investigadores pensam que podem ter sido causadas por algum tipo de explosão louca no passado.

O que está a deixar toda a gente a coçar a cabeça agora é a descoberta de nuvens frias de hidrogénio a relaxarem dentro destas bolhas. É como encontrar cubos de gelo num vulcão, de acordo com Andrew Fox, um astrónomo do Space Telescope Science Institute. A sério, como é que estas nuvens frias sobrevivem num ambiente tão superaquecido? Simplesmente não faz sentido!

As próprias bolhas de Fermi foram detetadas em 2010, e parecem uma ampulheta gigante com cada lóbulo a estender-se por cerca de 25.000 anos-luz. Rongmon Bordoloi, um professor de física da North Carolina State University, descreveu o evento que as criou como um evento repentino e violento, "como uma erupção vulcânica, mas numa escala massiva". Quando a equipa estava a observar as bolhas, não estavam à espera de encontrar estas nuvens de gás frio. As nuvens têm cerca de 10.000 graus Kelvin, muito mais frias do que o gás circundante de um milhão de graus.

Devido às condições extremas, estas nuvens de hidrogénio já deveriam ter sido destruídas há muito tempo, tipo, dentro de alguns milhões de anos. Então, o facto de ainda estarem por perto sugere que as bolhas de Fermi são, na verdade, muito mais jovens do que se pensava. Se as bolhas tivessem, digamos, 10 milhões de anos, estas nuvens nem sequer existiriam mais.

A teoria é que estas nuvens foram de alguma forma arrastadas do centro da Via Láctea e arrastadas pelo vento quente que criou as bolhas de Fermi em primeiro lugar. Jay Lockman, um astrónomo do Green Bank Observatory, usa uma analogia interessante: "Tal como não se consegue ver o movimento do vento na Terra a menos que haja nuvens para o rastrear, não conseguimos ver o vento quente da Via Láctea, mas conseguimos detetar a emissão de rádio das nuvens frias que ele transporta consigo."

É bastante incrível pensar nestes mistérios cósmicos a acontecer mesmo no nosso quintal galáctico. Descobertas como estas lembram-me o quanto ainda temos para aprender sobre o universo, e como até os ambientes mais extremos nos podem surpreender.

Fonte: Gizmodo