
Droga Experimental Mostra Promessa no Tratamento do Vício em Cocaína
Há notícias encorajadoras para indivíduos que lutam contra o vício em cocaína. Resultados recentes de ensaios clínicos indicam que uma droga experimental, mavoglurant, desenvolvida pela Novartis, mostrou potencial na redução do uso de cocaína entre indivíduos com transtorno de uso de cocaína.
Este ensaio de Fase II, envolvendo 68 participantes diagnosticados com transtorno de uso de cocaína, foi liderado por cientistas da Novartis. O estudo revelou que os participantes que receberam mavoglurant experimentaram uma redução no consumo de cocaína e álcool durante um período de três meses, em comparação com aqueles que receberam um placebo.
A Necessidade de Novos Tratamentos
Embora seja necessária validação adicional, o mavoglurant pode potencialmente se tornar o primeiro medicamento aprovado especificamente para tratar o transtorno de uso de cocaína. O uso indevido de cocaína e estimulantes semelhantes, como metanfetamina e estimulantes prescritos, é uma preocupação significativa. Nos EUA, estima-se que 10,2 milhões de americanos com mais de 12 anos usaram indevidamente estimulantes em 2022, e aproximadamente 4,5 milhões preencheram os critérios para transtorno de uso de estimulantes.
O aumento no uso indevido de estimulantes está contribuindo para um aumento nas mortes por overdose, especialmente quando combinado com outras substâncias, como opioides. Atualmente, os principais tratamentos para o uso indevido de estimulantes são intervenções psicossociais, como aconselhamento e terapia cognitivo-comportamental. Não existem medicamentos aprovados para reduzir especificamente os desejos de cocaína, e as opções não aprovadas tiveram sucesso limitado. Isso ressalta a necessidade urgente de opções de tratamento novas e eficazes, uma necessidade que o mavoglurant pode potencialmente atender.
Mavoglurant: Uma Droga Reutilizada
O mavoglurant foi inicialmente desenvolvido para tratar a síndrome do X frágil, uma condição genética, mas se mostrou ineficaz em grandes ensaios clínicos. A droga funciona bloqueando o receptor mGluR5, que alguns estudos sugerem que desempenha um papel na regulação de nossa resposta de recompensa a estimulantes. Pesquisadores da Novartis levantaram a hipótese de que o mavoglurant poderia ser reaproveitado como um tratamento para o transtorno de uso de estimulantes.
Resultados do Ensaio e Pesquisa Futura
No ensaio recente, os participantes com transtorno de uso de cocaína foram aleatoriamente designados para receber um placebo ou mavoglurant (em forma de pílula) duas vezes ao dia durante 98 dias. O uso de cocaína foi avaliado por meio de autorrelato, exames de urina e exames de cabelo.
Os resultados indicaram que o mavoglurant reduziu significativamente o uso de cocaína em comparação com o placebo, um achado apoiado por exames de urina. Houve também alguma evidência sugerindo uma redução no consumo de álcool. A droga foi geralmente bem tolerada, com efeitos colaterais comuns, incluindo dor de cabeça, tontura e náusea.
"Neste pequeno e curto ensaio, o mavoglurant reduziu o uso de cocaína e álcool em pacientes com transtorno crônico de uso de cocaína", afirmaram os pesquisadores em sua publicação na Science Translational Medicine.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de ensaios maiores, mais diversos e de maior duração para confirmar esses achados. No entanto, dada a atual falta de opções de tratamento, esta pesquisa representa um passo promissor no enfrentamento do transtorno de uso de estimulantes. O impacto potencial no consumo de álcool também sugere que o mGluR5 pode desempenhar um papel mais amplo na regulação de nossa resposta ao álcool, potencialmente abrindo novos caminhos de pesquisa.
Fonte: Gizmodo